O mês dos galardões
Revista Única
Seguindo o exemplo da "Revista de Vinho", em Fevereiro há prémios para todos
Há já muitos anos que a "Revista de Vinhos", onde colaboro, entrega os prémios dos melhores do ano no mês de Fevereiro. Aquilo que começou por ser uma cerimónia tímida no Hotel Palace do Buçaco, com algumas dezenas de pessoas, em pé, a olhar para um palco onde uma deficiente instalação sonora apenas permitia vagamente saber o que ali se estava a dizer, transformou-se numa autêntica cerimónia de Óscares do vinho. É caso para dizer que as 850 pessoas que por norma estão presentes no jantar representam todo o vinho que se faz no país, ou, se se quiser, todo o vinho certificado, já que há muito granel que não tem rosto conhecido do grande público. Muitos potenciais participantes ainda ficam de fora porque (o que não é fácil de acreditar, mas é verdade) são poucos os espaços disponíveis para, por exemplo, juntar mil pessoas com uma dignidade que vá além da tenda tipo casamento. E a alternância norte/sul nesta entrega de prémios também não facilita os trabalhos.
Dado o êxito que esta cerimónia adquiriu ao longo do tempo e o prestígio do prémio, é natural que outras publicações se apressassem a criar também os seus galardões anuais. Foi, inicialmente, o caso da revista "Néctar", entretanto meio desaparecida em combate, e, mais recentemente, da revista "Wine", que resolveu atribuir os mesmos prémios, curiosamente, em Janeiro. Já a revista "NS", do "Diário de Notícias", também por coincidência emitiu o seu parecer sobre os melhores do ano no final de Janeiro. Ficam assim prémios para todos. Como entretanto apareceram mais revistas no mercado, não tardarão, aposto que por estranha coincidência sempre em Janeiro/Fevereiro, a surgir novos prémios - e a alegria será geral.
Os prémios são importantes, porque são estímulos e aumentam a responsabilidade dos premiados. Em última instância, é o consumidor que pode ganhar com isso. Mas, acontece frequentemente no caso dos prémios internacionais, estes galardões têm um efeito perverso de levar os produtores a acharem que são deuses em terra de ímpios. Esta atitude tem normalmente o efeito de aumentar os preços dos vinhos. Já se assistiu em Portugal a um autêntico descalabro vínico motivado por galardões internacionais que acabaram por dar cabo de algumas marcas, consequência da subida à cabeça do sucesso súbito.
Não é o caso destes prémios; aqui estamos a falar do mercado - doméstico, os mercados inglês ou americano pouco se preocupam com os prémios que em Portugal se atribuem a vinhos, produtores ou instituições. Isso são assuntos internos. Mas, quando são atribuídos com critérios estritamente jornalísticos, os prémios são um conforto para quem os recebe.
QM Alvarinho branco 2008
Região: Vinho Verde
Produtor: Quintas de Melgaço
Casta: Alvarinho
Enólogo: Jorge Sousa Pinto
Embora o 2009 lá comece agora a ser distribuído, esta casta ganha muito com o tempo em garrafa, e por isso o 2008 está no melhor da sua forma.
Dica: Mesmo com dias frios, este branco irá muito bem com ostras (agora é a melhor época) ou marisco pouco cozinhado
Seguindo o exemplo da "Revista de Vinho", em Fevereiro há prémios para todos
Há já muitos anos que a "Revista de Vinhos", onde colaboro, entrega os prémios dos melhores do ano no mês de Fevereiro. Aquilo que começou por ser uma cerimónia tímida no Hotel Palace do Buçaco, com algumas dezenas de pessoas, em pé, a olhar para um palco onde uma deficiente instalação sonora apenas permitia vagamente saber o que ali se estava a dizer, transformou-se numa autêntica cerimónia de Óscares do vinho. É caso para dizer que as 850 pessoas que por norma estão presentes no jantar representam todo o vinho que se faz no país, ou, se se quiser, todo o vinho certificado, já que há muito granel que não tem rosto conhecido do grande público. Muitos potenciais participantes ainda ficam de fora porque (o que não é fácil de acreditar, mas é verdade) são poucos os espaços disponíveis para, por exemplo, juntar mil pessoas com uma dignidade que vá além da tenda tipo casamento. E a alternância norte/sul nesta entrega de prémios também não facilita os trabalhos.
Dado o êxito que esta cerimónia adquiriu ao longo do tempo e o prestígio do prémio, é natural que outras publicações se apressassem a criar também os seus galardões anuais. Foi, inicialmente, o caso da revista "Néctar", entretanto meio desaparecida em combate, e, mais recentemente, da revista "Wine", que resolveu atribuir os mesmos prémios, curiosamente, em Janeiro. Já a revista "NS", do "Diário de Notícias", também por coincidência emitiu o seu parecer sobre os melhores do ano no final de Janeiro. Ficam assim prémios para todos. Como entretanto apareceram mais revistas no mercado, não tardarão, aposto que por estranha coincidência sempre em Janeiro/Fevereiro, a surgir novos prémios - e a alegria será geral.
Os prémios são importantes, porque são estímulos e aumentam a responsabilidade dos premiados. Em última instância, é o consumidor que pode ganhar com isso. Mas, acontece frequentemente no caso dos prémios internacionais, estes galardões têm um efeito perverso de levar os produtores a acharem que são deuses em terra de ímpios. Esta atitude tem normalmente o efeito de aumentar os preços dos vinhos. Já se assistiu em Portugal a um autêntico descalabro vínico motivado por galardões internacionais que acabaram por dar cabo de algumas marcas, consequência da subida à cabeça do sucesso súbito.
Não é o caso destes prémios; aqui estamos a falar do mercado - doméstico, os mercados inglês ou americano pouco se preocupam com os prémios que em Portugal se atribuem a vinhos, produtores ou instituições. Isso são assuntos internos. Mas, quando são atribuídos com critérios estritamente jornalísticos, os prémios são um conforto para quem os recebe.
QM Alvarinho branco 2008
Região: Vinho Verde
Produtor: Quintas de Melgaço
Casta: Alvarinho
Enólogo: Jorge Sousa Pinto
Embora o 2009 lá comece agora a ser distribuído, esta casta ganha muito com o tempo em garrafa, e por isso o 2008 está no melhor da sua forma.
Dica: Mesmo com dias frios, este branco irá muito bem com ostras (agora é a melhor época) ou marisco pouco cozinhado